| Resumo: | Esta pesquisa assume como objetivo principal conhecer a intervenção desenvolvida
pelo gestor de caso com crianças/jovens e suas famílias em situação de perigo, dando-se
ênfase às dificuldades, limitações, os pontos fortes e os pontos fracos com que se confrontam
na sua prática profissional. Nesta investigação privilegiamos instrumentos de recolha de
informação qualitativos como a entrevista semiestruturada e o focus group. As entrevistas
individuais foram realizadas a doze técnicas de duas CPCJ distintas inseridas na área
Metropolitana do Porto, enquanto o focus group contou com a participação de seis técnicas
de uma das CPCJ. No total, participaram catorze técnicas, sendo que doze das técnicas tanto
participaram nas entrevistas individuais como no focus group e duas técnicas participaram
apenas no focus group, e não realizaram as entrevistas individuais.
Os resultados obtidos permitem conhecer o processo de intervenção social, as
principais fases e instrumentos de trabalho que são utilizados pelas técnicas gestoras de caso
na prática profissional e as oportunidades e constrangimentos por elas sentidas no seu
quotidiano de trabalho. No âmbito das entrevistas, as técnicas apresentaram as suas
dificuldades em cada fase de processo de intervenção, tendo destacado o elevado volume
processual que têm sob a sua responsabilidade, contribuindo para reduzir o tempo e o
investimento que dedicam a cada um dos processos. Por outro lado, retrataram também a
escassez de recursos e de respostas sociais com a finalidade de responder às necessidades
económicas e materiais apresentadas pelas famílias e, também, apresentaram as dificuldades
em promover a mudança social ao nível do absentismo, insucesso escolar, da violência
doméstica e da alienação parental. Estas dificuldades sentidas pelas técnicas na intervenção
chamam-nos à atenção para a necessidade de haver uma rede de apoio e de trabalho entre
as diversas entidades mais coesa e melhor estruturada para que a CPCJ consiga dar uma
resposta aos problemas das famílias e crianças/jovens com maior qualidade e eficácia. |