| Resumo: | Desde 2020, diversos períodos de confinamento social se impuseram para controlar os efeitos
da pandemia de COVID-19, na saúde das comunidades. Os profissionais de intervenção social,
nomeadamente das CPCJ ¿s, (Comissões de Proteção de Crianças e Jovens), foram desafiados
a adotar novas estratégias de trabalho e a desenvolver competências para trabalhar em rede
e em parceria, apesar das dificuldades geradas pelos contactos sociais, pelo teletrabalho e
outras dificuldades provocados pela pandemia.
A pandemia acentuou os problemas vividos há décadas pelas populações, sobretudo as mais
vulneráveis, que vivem sob os efeitos das desigualdades sociais geradas pela implementação
de políticas neoliberais, que fragilizaram e precarizaram as relações laborais, promoveram o
desinvestimento público em setores tão importantes como o da saúde, da segurança social,
da educação e privatizaram serviços públicos como os transportes, a energia e as
telecomunicações.
A investigação que desenvolvemos centrou-se num estudo de caso realizado numa CPCJ da
região do Tâmega e Sousa. Pretendemos identificar o impacto da pandemia na intervenção
social com crianças e jovens em perigo e suas famílias, num contexto marcado pelo
encerramento das escolas, pelo recurso ao ensino à distância, pela falta de equipamentos para
este tipo de ensino, pela fragilidade do sistema de telecomunicações, pelas dificuldades de
aprendizagem acrescidas, pela redução acentuada de recursos, com medidas de proteção
social insuficientes, pelo isolamento das crianças e suas famílias, e ainda pelas situações de
pressão e tensão nos agregados.
As conclusões apontam, desde logo, para um aumento do número de sinalizações de situações
de perigo, assim como dos processos de promoção e proteção acompanhados ao longo de
2020.
A intervenção social foi reinventada, na medida em que passou a ser realizada através de
meios telemáticos, com todos os constrangimentos que isso implica. As visitas domiciliárias
foram reduzidas drasticamente, e a própria dinâmica de funcionamento interno teve que ser
alterada, com a adoção de um plano de contingência. Os resultados mostram ainda a
importância do trabalho local em rede e parceria, para a proteção das crianças e jovens. |