| Resumo: | A educação sexual (ES) é fundamental para a capacitação dos/as jovens, influenciando as suas decisões e comportamentos sexuais, sendo a escola um contexto privilegiado para a sua aplicação.
O presente estudo procura compreender o atual nível de ES dos/as jovens e aferir o que podemos esperar dos programas de ES, implementados em instituições públicas de ensino, designadamente se influencia o aumento de conhecimentos e a mudança de atitudes e comportamentos dos/as adolescentes face à sexualidade.
Foi feita uma recolha de dados a 435 jovens que frequentam o 10.º e 12.º anos, na zona Norte de Portugal, através da aplicação de um questionário online.
Observou-se que os/as jovens têm bons níveis de conhecimento neste âmbito, acredita-se que fruto da implementação de programas de ES nas escolas, destacando-se os que se relacionam com o uso correto do preservativo, algumas Infeções Sexualmente Transmissíveis (IST), com corpo e mudanças ocorridas na adolescência. Deteta-se que as raparigas apresentam melhores conhecimentos sobre sexualidade do que os rapazes e que os sentimentos associados à primeira relação sexual também divergem em razão do género, ainda que a maioria, de ambos os sexos, adote comportamentos de proteção na sua primeira relação sexual. Jovens cujos/as progenitores/as detêm formação de nível superior apresentam também melhores níveis de conhecimento. Os/As jovens preferem os/as amigos para conversar acerca da sexualidade, pese embora uma parte significativa indique que não conversa com ninguém. Os principais temas de conversa incidem nas mudanças do corpo na adolescência, diferenças entre homens e mulheres e relações amorosas. É sobretudo nas disciplinas de Ciências Naturais e Biologia que os temas inerentes à ES são abordados e incidem principalmente nas questões biológicas, como as mudanças no corpo durante a adolescência, Vírus da Imunodeficiência Humana/Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (VIH/SIDA) e outras IST. Grande parte dos/as jovens indica que nunca recorreu a nenhum serviço para obter ajuda em questões relacionadas com a sexualidade, afirmando que por nunca ter precisado. Dos/as que o fizeram, foi sobretudo para lidar com problemas relacionados com o corpo.
É apontada a necessidade de repensar o programa em vigor e os respetivos conteúdos abordados em ES, de modo a garantir uma maior abrangência e diversidade dos temas trabalhados, privilegiando a articulação entre a escola e estruturas da comunidade, designadamente, mas não só, com a área da saúde. |
