| Resumo: | Entre a pressa do mundo e o cansaço que pesa nos cadernos, há jovens que aprendem cedo demais a despedir-se da escola. O abandono é um gesto súbito. O retorno é íngreme, mas abre-se quando políticas e práticas se alinham no cuidado. Foi nesse horizonte que nasceram as Escolas de Segunda Oportunidade. Que escolas são estas que, no coração da vulnerabilidade juvenil, mantêm acesa a confiança com acolhimento, escuta e reconhecimento sem rótulos? E quem são os profissionais que reconquistam a confiança de quem foi sistematicamente invisibilizado por um sistema que leu a diferença como desvio? É a partir destas inquietações que esta dissertação se propôs analisar as perceções e experiências de jovens e de profissionais acerca das relações de afeto nas Escolas de Segunda Oportunidade. Procurou-se compreender como os jovens descrevem os vínculos afetivos que constroem com os profissionais, de que forma estes contribuem para a criação de um ambiente seguro e de apoio emocional, quais os fatores que facilitam ou dificultam a construção dessas relações e, por fim, em que medida tais vínculos influenciam o desenvolvimento emocional e o percurso escolar dos jovens. Adotou-se uma metodologia qualitativa de estudo de caso, tendo sido realizadas dezanove entrevistas semiestruturadas a jovens e profissionais em duas escolas da área metropolitana do Porto. Os resultados evidenciam que os laços afetivos funcionam como suporte ético e pedagógico, com impacto na autoestima, motivação e sentido de pertença, ainda que persistam desafios na sua sistematização e institucionalização. Os resultados revelam igualmente que a integração consistente de estratégias de cuidado afetivo nas escolas é determinante para a continuidade escolar e a participação social dos jovens, recomendando-se o reforço da formação, da supervisão e da articulação com a comunidade educativa. Palavras- |